Eu sempre bato na tecla que a criança precisa passar em consulta ambulatorialmente, pois pronto socorro não é consulta com pediatra, o médico do pronto socorro apenas resolve o problema pontual, mas ele não conhece o histórico do seu filho, não acompanha o desenvolvimento e crescimento.

O tipo de consulta que ofereço é conhecido como puericultura. Em minha consulta, como é esperado realizo a pesagem com uma balança calibrada com a criança sem roupa, incluindo fraldas. Além disso, meço a estatura e o perímetro cefálico (tamanho da cabeça). Mas a consulta não se resume a isso.

Em uma consulta de rotina, preciso saber minuciosamente sobre a vida desta criança, vou perguntar como é a família, se foi uma gestação planejada ou não, se teve intercorrências na gestação, como foi o nascimento e seu impacto para os pais.

Eu preciso avaliar o desenvolvimento da criança como um todo, então vou ver os marcos do desenvolvimento motor e cognitivo da criança, desempenho escolar. Vou checar as vacinas que a criança recebeu e já orientar quais são as próximas. Preciso ver a alimentação, suplementação, o sono e a rotina da criança. Vejo qual o tempo de tela. Como essa criança se relaciona com a família e seu meio social. Pergunto se a mãe tem alguma queixa, se a criança tem algum sintoma, questiono o que aconteceu com esta criança desde a última consulta.

Esse espaço de consulta é de muita conversa, mas também preciso fazer todo o exame, além das medidas preciso ver olhos, ouvidos, boca, tórax, abdômen, pele, a posição dos seus membros, vejo tudo tão detalhado que inclusive checo a parte genital com autorização da criança e juntamente do seu responsável.

Além disso, preciso antecipar para os pais o que esperar na próxima fase. E deixar um espaço em aberto para tirar dúvidas.

Esse é o norte de cada consulta, claro que em alguma consulta posso focar mais em um item que o outro, mas esta essência não pode ser perdida ao longo da nossa caminhada, afinal, a ideia é de acompanhar seu filho durante toda a infância e adolescência.